segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Tempo

- João! Como vai você, meu velho amigo?

- Vou bem, só pensando um pouco.

- Tão pensativo quanto sempre! O que foi dessa vez? Mulher? Buraco negro? Política?

- Tempo. Ando pensando sobre viagens no tempo.

- Viagens no tempo? Não seria esse um tema muito complexo? Existe até mesmo aquele paradoxo do indivíduo que volta no tempo e assassina seu próprio pai, como resultado ele nunca nasceu e não voltou no tempo para matar o próprio pai, que sobreviveu, casou e teve um filho que veio a viajar no tempo para matá-lo e assim vai. Pensar de mais nisso pode deixá-lo louco.

- Mas eu cheguei à outra conclusão, uma teoria nova. Nós vivemos no resultado de nossa interferência no passado.

- Como assim?

- Nesse paradoxo que você descreveu, o indivíduo que voltou ao passado para matar o próprio pai e consegui, descobriu que na verdade seu pai não era seu pai e que foi ele mesmo o responsável pela misteriosa morte de seu tio, irmão gêmeo de seu pai. Entendeu?

- Nem uma palavra.

- Eu também não a entendo muito bem ainda. Mas, basicamente, eu já voltei no tempo e já fiz o que devia ter feito, como resultado, vivemos no presente que tentei mudar.

- Ainda não entendi.

- Você não tinha que buscar sua filha na escola?

- Tem razão, já vou indo. Até amanhã! Você vai no churrasco da empresa não vai?

- Vou sim. Até amanhã.

João permanece sentado no bar, na mesma posição em que estava antes de seu amigo aparecer, toma um gole de vinho e retira de seu casaco um pequeno aparelho muito similar a uma calculadora. Observa-o ainda pensativo, dá de ombros e aperta um botão vermelho.

- João! Como vai você, meu velho amigo?

- Vou bem, só pensando um pouco.

 
Agora sim, por hoje é só!

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